A expedição de monitoramento realizada em setembro de 2018 pela FPEMP, com a participação dos Jamamadi, percorreu a região do igarapé Canuaru, no interior do território Hi-Merimã, e revelou vestígios que comprovam a retomada de uma dinâmica territorial que fora abandonada em virtude dos riscos e do assédio exercido por invasores. A intensificação das articulações do entorno e a reconfiguração do sistema de vigilância de acordo com as transformações para uma nova realidade são alguns dos desafios que a FPEMP, os indígenas e demais parceiros deverão enfrentar juntos nos próximos anos.
Quem são os Hi-Merimã?
Os Hi-Merimã desmistificam algumas definições da categoria coletor-caçador, na medida em que suas técnicas de manejos são tão elaboradas quanto às dos povos mais sedentários e agricultores. Eles extraem o vinho de palmeiras como açaí, bacaba, buriti e pataua com utensílios que produzem junto com cerâmicas.
Para os Hi-Merimã, o modus de vida itinerante é caracterizado por uma mobilidade cíclica. Eles permanecem por um ano – no máximo – em uma determinada região. De tempos em tempos, aproximadamente de quatro em quarto anos, os Hi-Merimã revisitam seus antigos acampamentos.
Daniel Cangussu, coordenador da FPEMP, constata: "parece haver dois padrões distintos de mobilidade apresentados pelos Hi-Merimã a julgar pelos vestígios que temos analisado nos últimos cinco anos. Penso que os Hi-Merimã, a exemplo dos seus vizinhos Jamamadi, Banawa e Suruwaha, são um coletivo, não um povo, formado por pequenos grupos dispersos e com grande mobilidade, a exemplo do que possivelmente foram os demais povos Arawa antes do contato com os brancos".
Assessoria de Comunicação Social/Funai
com informações de Daniel Cangussu / FPE Madeira-Purus